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Pelo País - Marcos Borges

o violonista das estrelas do sertanejo

Autodidata, músico se tornou uma referência no gênero não só na sua Campo Grande natal, mas em todo o Brasil

por_Laura Miranda de_Campo Grande

Autodidata, músico se tornou uma referência no gênero não só na sua Campo Grande natal, mas em todo o Brasil

por_Laura Miranda de_Campo Grande

Marília Mendonça, Luan Santana, Marcos e Belutti, Lauana Prado, Fernando & Sorocaba, Maria Cecília & Rodolfo. É longa a lista das estrelas do sertanejo para quem Marcos Borges virou um nome constante na hora de gravar o violão. Dono de um estilo único e altamente eclético, esse artista campo-grandense de 39 anos na verdade é um autodidata que tirou de referências variadíssimas — de trilhas de desenhos animados a bandas de rock e hits pop do rádio — seu amor pela música.

O músico em ação: inspirações mais que ecléticas incluem desenhos animados, bandas de rock e hits do pop

Desde cedo, Borges mostrou interesse por essa arte. Seu primeiro contato com instrumentos musicais foi através do seu padrasto, um músico amador que tinha alguns teclados em casa. Ainda na infância, se divertia tentando reproduzir as músicas que ouvia no rádio e em fitas, sempre "tirando de ouvido". “Essa prática foi fundamental para minha formação musical”, relembra.

Apesar de ter aprendido sozinho a tocar, buscou formação formal e licenciou-se em música pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Ali, teve contato com a música clássica e ampliou ainda mais seu repertório e sua compreensão do ofício. Hoje, dedica-se principalmente às gravações, focando em todos os aspectos que envolvem a captura, edição e entrega do melhor som.

Borges toca com Michel Teló: músico virou referência para os maiores
Borges toca com Michel Teló: músico virou referência para os maiores

“Meu processo criativo começa ao ouvir a música e imaginar a trilha de violão ideal para ela. Em seguida, tento reproduzir”, descreve.

A arte é um respiro. Viver dela é a maior recompensa.

Marcos Borges

Entre os trabalhos mais significativos do artista estão o acústico de Marcos & Belutti de 2013, que inclui a música "Domingo de Manhã", e o projeto "Em Todos os Cantos”, da cantora Marília Mendonça, ambos marcos numa carreira que enfrentou desafios. O maior deles foi a transição do violão clássico para a música sertaneja, quando trabalhou pela primeira vez com a cantora sertaneja Bruna Campos.

Bruna recorda quando o conheceu, em meados dos anos 2000, atuando na noite de Campo Grande.

Bruna Campos: parceria na noite de Campo Grande

“Ele não tocava sertanejo na época. A experiência foi muito bacana, pois Marcos já era formado em música clássica, enquanto eu, apesar de gostar de outros estilos, cantava profissionalmente sertanejo, um gênero que tem suas especificidades. Lembro-me de uma frase que Marcos me disse e que nunca mais esqueci: ‘Fazer o simples é difícil demais, muito mais do que fazer o incrementado’, ela conta.

O reconhecimento pelo seu trabalho vem de várias formas, desde os muitos comentários elogiosos nas redes sociais até os pedidos de fotos nas ruas. Borges sabe que virou uma influência para as novas gerações de músicos de Campo Grande. Aos jovens artistas, ele aconselha “a entrega total ao trabalho e a paciência, lembrando que o sucesso não vem da noite para o dia”.

Com quase 51 mil seguidores no Instagram e um canal no YouTube, ele aproveita sua visibilidade para ensinas técnicas de violão sertanejo. O violonista Rodrigo Bolonese é testemunha do quanto o trabalho realizado por Marcos Borges na rede é importante para o mundo musical.

Com o passar dos anos, Rodrigo Bolonese foi desenvolvendo sua carreira como músico, e Marcos foi seu mentor, tirando dúvidas e buscando todo tipo de conhecimento possível para que pudesse progredir: “Há três anos, ele foi chave na minha mudança do interior do Espírito Santo para São Paulo, onde, a partir de uma indicação dele, pude ingressar no meu primeiro trabalho de nível nacional, acompanhando o cantor e compositor Raffa Torres.”

Se Bolonese se emociona ao falar do mentor, o próprio Borges deixa escapar que também tem ídolos com os quais sonha em trabalhar. Um deles, insuspeito por ser de fora do metiê sertanejo, é a baiana Ivete Sangalo. Aberto a inúmeras estéticas e experiências, o campo-grandense diz esperar deixar um legado de inspiração.

“A arte é um respiro. Viver dela é a maior recompensa. Se pudesse voltar no tempo, só mudaria uma coisa: teria investido em bitcoins”, ri. “Sem brincadeira, estou feliz com o caminho que escolhi. E com as conquistas que alcancei”, finaliza.

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